
A Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Barão de Cocais anunciou a tabela oficial do tradicional Torneio futsal de Verão 2025, evento que acontece entre os dias 20 e 31 de janeiro.
O sorteio dos confrontos foi realizado com a presença dos representantes das equipes participantes e da organização, criando um clima de expectativa para a competição. A abertura, marcada para o dia 20 de janeiro, contará com três partidas: Aroeira x Sparta, ABF x RCS, e UNIPE x THE MOB.
A fase classificatória segue até o dia 27 de janeiro, com jogos decisivos como MG2 x ABF, S.G. Rio Abaixo x Aroeira, e THE MOB x Bangu. Na sequência, a segunda fase começa no dia 28 de janeiro, com confrontos entre os oito melhores colocados.
As semifinais acontecem no dia 30 de janeiro.
O ponto alto será a grande final, programada para o dia 31 de janeiro, às 20h30.
Edição feminina do Torneio de Futsal de Verão 2025 e levanta questionamentos nas redes sociais
Presente nos últimos anos do torneio, a edição feminina do campeonato não foi anunciada oficialmente em 2025 pela prefeitura municipal da cidade.
A exclusão das mulheres levantou questionamentos na postagem realizada no instagram oficial do poder público executivo.

O perfil @josyane.oliveiraa_ comentou “Injusto, futebol feminino tem que participar também”; @titanenem29 escreveu “Oque falar do secretário do esporte ? Já no primeiro torneio de futsal do ano de 2025 exclui o torneio de futsal feminino da lista? Agora oque será dos próximos torneio que vira?” e _cahteixeira perguntou: “E o feminino? Qual a justificativa para não ter? Até onde eu sei não existe um motivo para não ter”.
O cenário das mulheres nos campeonatos de futebol em Barão de Cocais
Para entender melhor o cenário dos campeonatos de futebol (em campo ou indoor) de Barão de Cocais, conversamos com Kerolaine Silva, uma das mulheres que indagou a falta da edição feminina do campeonato e competidora dos torneios esportivos da cidade.
Kerolaine joga desde os 9 anos de idade, tendo participado de vários torneios no município, inclusive representando times locais em campeonatos regionais.
Segundo Keroline, os campeonatos femininos da cidade são muito precários, sem visibilidade e nem apoio da secretaria municipal de esporte. Na visão da moradora, o poder público “só pensa no futsal masculino, faz um torneio enorme e o campeonato feminino sempre fica de fora. Quando têm algo é pra ‘tampar buraco’ da edição masculina”.
“Antes, na época em que Armando era secretário de esporte, o futsal feminino participava de várias competições dentro e fora da cidade. Ele apoiava muito o nosso professor Dão. Depois que ele saiu, acabou. O futsal feminino nunca mais foi o mesmo e hoje em dia pra gente conseguir entrar em alguma competição é uma luta”, completa Karoline.
O futebol feminino no Brasil
Segundo dados da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), existem atualmente mais de 7,3 mil jogadoras amadoras no Brasil, sendo que, destas, 801 atuam em equipes profissionais.
De acordo com uma reportagem da Agência Brasil, esses dados não englobam jogadoras de futebol de salão e futebol de sete, modalidades que geralmente são a porta de entrada de meninas no futebol feminino de campo.
No entanto, vale destacar que durante algum tempo, a prática competitiva do futebol feminino chegou a ser proibida no país.
Durante a Ditadura Militar, em 1965, o Conselho Nacional de Desportos (CND) proibiu explicitamente diversas modalidades esportivas para mulheres, incluindo “lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo aquático, rugby, halterofilismo e beisebol”. Na época, o futebol chegou a ser descrito como um “antro de perdição” e um ambiente de exploração sexual e financeira de meninas.
Sob a justificativa de que determinados esportes “eram incompatíveis com a natureza feminina”, foi instituído um Decreto-Lei durante o governo de Getúlio Vargas, estabelecendo as bases de organização esportiva no Brasil e restringindo o acesso das mulheres a várias práticas esportivas. Essa proibição só foi formalmente encerrada em 1979, mas a regulamentação de algumas modalidades, como o futebol feminino, ocorreu apenas em 1983.
Hoje a história é diferente, mas ainda existe muito caminho para trilhar dentro do futebol feminino.

A pesquisa O Maior Raio-X do Torcedor, realizada em 2023, entrevistou 6.373 pessoas, incluindo 5.023 torcedores de 278 cidades e 714 jovens de 7 a 15 anos. O levantamento teve como objetivo mapear hábitos e percepções relacionados ao futebol, com perguntas sobre diversas modalidades, incluindo o futebol feminino.
Quando questionados sobre a frequência com que assistem ao futebol feminino, 59% dos entrevistados afirmaram que não acompanham.
Outros 21% disseram assistir apenas aos jogos do time pelo qual torcem, enquanto 17% acompanham o máximo de jogos que conseguem. O percentual de participantes que não souberam ou não responderam foi de 2%.
Keroline chegou a comentar a respeito disso no contexto de Barão de Cocais: “a população também não valoriza muito o futsal feminino. Acho que tem muito preconceito”.A equipe do Jornal O Gigante entrou em contato com a SECOM e a Secretaria Municipal de Esportes de Barão de Cocais, com perguntas a respeito da edição feminina do Torneio de Futsal de Verão 2025, porém, até o fechamento desta matéria não obteve respostas.