
O Projeto Apolo é uma iniciativa da Vale que visa restaurar a produção de minério de ferro nos municípios de Caeté e Santa Bárbara. Com foco em sustentabilidade, a mineradora promete melhorias significativas em termos de uso de água e impacto ambiental.
Contudo, o projeto também gera preocupações sobre o abastecimento hídrico, impactos na fauna e flora, além de possíveis riscos de ampliação futura. Neste texto, você entenderá os detalhes sobre o licenciamento, as mudanças no projeto e as implicações para o meio ambiente e a região.
O que é o Projeto Apolo?
Apresentado pela Vale como uma iniciativa inovadora e sustentável, o Projeto Apolo tem como objetivo restaurar a capacidade de produção de minério de ferro na região de Caeté e Santa Bárbara, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). De acordo com a mineradora, a meta é alcançar uma produção anual de 14 milhões de toneladas de minério de ferro.
O projeto prevê a lavra a céu aberto, com tratamento do minério sem o uso de água, além da criação de pilhas de estéril e construção de um ramal ferroviário que se conectará à Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).
O processo de licenciamento prévio foi iniciado com o número 4977/2021, e a Vale espera obter a licença de instalação em 2028, com a operação sendo iniciada cerca de dois anos depois.
Mudanças no Projeto
Embora o licenciamento do Projeto Apolo tenha sido iniciado em 2009, ele passou por diversas adequações ao longo dos anos.
Como parte das exigências da lei “Mar de Lama Nunca Mais“, a Vale propôs uma estrutura sem barragens de rejeitos, após os desastres de Brumadinho e Mariana. Além disso, a área do projeto foi reduzida em 32%, passando de 2 mil para 1.368 hectares. A cava da mina será dividida entre Caeté e Santa Bárbara, com a maior parte localizada em Caeté (1.130 hectares).
Essas modificações visam reduzir significativamente o impacto ambiental. O volume de rejeitos será zerado, o consumo de água nova será reduzido em 95%, e a emissão de carbono sofrerá uma diminuição de 50%. Além disso, a área de pilhas de estéril será reduzida em 36%, e a terraplanagem necessária terá uma redução de 65%.
Porém, os impactos ambientes do projeto ainda podem ser previstos.
Impactos Ambientais e Hídricos do projeto Apolo
Apesar das mudanças, o Projeto Apolo ainda gera preocupações, especialmente em relação ao abastecimento hídrico da região.
De acordo com matéria do site Brasil de Fato, o professor doutor em geologia, Paulo César Horta, alerta que a complexidade e a raridade do sistema de águas no parque podem ser afetadas além do perímetro da cava, o que comprometeria o equilíbrio hídrico da região.

Hoje, as barragens de rejeito se concentram em uma das margens do Rio das Velhas, o que, em caso de desastre, pode salvar as nascentes da margem oposta. No entanto, com o avanço do projeto, essa proteção seria comprometida.
Especialistas presentes em audiências públicas também destacaram que, apesar da redução do tamanho da cava, há o risco de ampliação futura do projeto, o que poderia expandir ainda mais o impacto ambiental, afetando o parque e as áreas de Mata Atlântica.
Luiz Paulo Guimarães, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), destaca que a área afetada será considerável: mais de 13 mil hectares, uma região equivalente ao tamanho do zoneamento da Avenida do Contorno em Belo Horizonte.
Segundo ele, isso representaria a destruição de ecossistemas essenciais, como a serra e o aquífero que garantem a preservação dos mananciais da região.