
A recente política tarifária anunciada pelo governo de Donald Trump não deve causar impactos significativos no setor mineral brasileiro, segundo avaliação do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). De acordo com o presidente da entidade, Raul Jungmann, o Brasil exporta 80% do seu minério para a Ásia, especialmente para a China. Assim, mesmo que as tarifas sobre produtos brasileiros aumentem nos Estados Unidos, o país pode ampliar sua participação no mercado asiático, minimizando os efeitos da medida.
No entanto, Jungmann destaca que o interesse dos EUA nos minerais críticos e estratégicos brasileiros deve permanecer. Durante o governo Biden, esse interesse estava relacionado à transição para uma economia de baixo carbono. Já no governo Trump, a preocupação parece estar voltada para a defesa, tecnologia e inovação. Apesar da mudança de justificativa, os minerais como lítio, nióbio e grafite continuam sendo ativos valiosos para os americanos.
Crescimento do Setor Mineral e Perspectivas Futuras
O setor mineral brasileiro apresentou crescimento significativo em 2024. O faturamento atingiu R$ 270 bilhões, um aumento de 9% em relação ao ano anterior. O minério de ferro representou 60% desse montante, com Minas Gerais, Pará e São Paulo liderando a produção. O volume de exportações também cresceu 2,3%, alcançando 400 milhões de toneladas, enquanto as importações caíram 23%, resultando em um saldo comercial positivo de 34 bilhões de dólares, o equivalente a 47% do superávit comercial brasileiro.
Outro fator que pode impulsionar ainda mais o setor é o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Segundo Jungmann, a União Europeia tem demonstrado grande interesse nos minerais críticos da América Latina, o que abre novas perspectivas para o Brasil. Estima-se que o mercado global desses minerais, que era de 320 bilhões de dólares em 2023, possa atingir 1,1 trilhão de dólares até 2030.
Diante desse cenário, o IBRAM tem buscado dialogar com o governo federal para estabelecer uma política nacional voltada à exploração de minerais críticos e estratégicos. A definição de diretrizes claras e sustentáveis pode posicionar o Brasil como um dos principais fornecedores globais desses recursos essenciais para diversas indústrias, incluindo as de tecnologia e defesa.
Perigos da gestão Trump para a região do quadrilátero ferrífero

Com alta dependência econômica da mineração, as cidades da região do quadrilátero ferrífero podem ser impactadas pela gestão Trump, caso sua política de taxação e de negociação internacional siga pelo caminho indicado no início de 2025.
Para entender o caso podemos traçar um paralelo com a queda dos preços das commodities que aconteceu em 2014.
A queda dos preços das commodities daquele ano foi um dos fatores que contribuíram para a crise econômica brasileira. O Brasil perdeu US$ 12,9 bilhões em transações comerciais com outros países devido a essa queda.
No entanto, vale destacar novamente que desta vez, apesar das ameaças dos EUA, China e União Europeia tem interesse nos minerais brasileiros, além de uma segurança institucional mais firme que a dos vizinhos da América do Norte.